sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Hermenêutica, uma espada afiada de dois gumes.

Vez por outra me pergunto sobre o porquê de tanta variação na homilia(sermão religioso) evangélica. As vezes contemplamos doutrinas e temas opostos no mesmo púlpito, neocalvinistas e arminianos ocupam o mesmo espaço, e o que é pior, sem a menor idéia de que pregam entrelinhas contrárias, o método de cada um é particular e juntos são dicotômicos. A resposta da minha indagação é racional e, portanto, lógica: nos falta coerência na interpretação!

É irresponsável afirmar que a leitura bíblica é simples. Por isso, proponho alguns caminhos para que haja pelo menos concorde ideológico.

1º Nunca doutrine sob bases veterotestamentárias(Antigo Testamento). Se cairmos nesse equívoco, ofuscaremos a glória de Jesus e a Graça torna-se desgraça. Temas como justiça divina, meus inimigos, preceitos, maldição entram em desuso. Hoje somos norteados através da consciência gerada pelo relacionamento que temos com Deus(atribuição do Espírito Santo).

2º Avaliação léxico-sintática. Não despreze o bom português, os conectivos, as orações, os períodos e até a acentuação precisam ser criteriosamente vistos, pois eles nos indicam o significado literal do texto. Certa vez, um inculto Pastor de Vitória-ES, também pedreiro, informou que existe base bíblica para que um homem tenha outra mulher, uma ovelha de sua igreja contou-lhe um sonho onde Deus revelava que ela teria filhos de um pastor, o pastor pediu que os três(o marido, a mulher e o pedreiro-pastor, também casado) entrassem em oração, a base bíblica encontrada foi Oséias 3, o referido “sacerdote” disse que “Deus mandou pegar uma muié e adulterar”, entretanto, ele cometera um erro grotesco de português, a palavra era adúltera(proparoxítona) e não adultera(paroxítona), são palavras homógrafas(escrita igual, mas significado e pronúncia diferentes). Além disso, é importante observar se a linguagem utilizada é figurada, na bíblia existe a antítese, ironia, metáfora, catacrese, antonomásia e personificação ou prosopopéia.

3º Análise histórico-cultural. Uso aqui um simplificado exemplo: Paulo doutrinou mulheres a não andarem com a cabeça raspada, o argumento era que o cabelo servia como manto(I Coríntios 11), pergunto, essa regra pode ser utilizada como doutrina hoje? Não. Chega-se a essa conclusão por causa da apreciação histórico-cultural.

4º Estimar qual o objetivo de Deus no livro e para quem ele foi escrito. O livro de Isaias foi destinado ao povo Judeu, foi um alerta sobre a vinda do Messias e que Ele não viria como esperavam. Pode pregar usando Isaias como base? É claro, mas com devidos cuidados para não cometer impropriedades.

5º Não desprezar as entrelinhas. Esse último caminho é o mais filosófico de todos, nele se faz necessário conhecer o Espírito motivador, a essência Divina e as características do Mestre.

Esses são passos básicos a seguir na difícil trilha do evangelho, entender a bíblia é uma tarefa árdua, é bom haver orientação de pessoas mais experientes, de verdadeiros mestres que consigam harmonizar a interpretação desse compêndio de livros que compõem o livro sagrado com a real e perfeita vontade de Deus.

Shalom hessed!

Um comentário:

  1. Amei Vitor ta lindo, muito claro e prfunda toda a leitura, vejo q tenho muito a aprender aki vou olhar com mais calma..
    parabéns Deus continue a te abeçoar..
    paz...
    amo qndo vejo pessoas interessadas nas questões de nosso Pai...

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